A cada encontro, quando se trata de um processo de criação em artes, reflito sobre um estado possível de virgindade que se perde após o atravessamento da experiência artística; o objetivo geral da pesquisa é o mesmo, mas parece que algo surge do irremediável. Perder a virgindade, neste caso, é entender a renovação da energia sexual responsável pela criação. É desvirginar-se e retorná-la do ponto zero. Um estado de pureza e ruptura constante. Estar puro, na pesquisa em artes, é fundamental. Permitir-se ser arrebatado, como Jorge Larrosa defende de forma belíssima.
Hoje estudei um pouco de Roland Barthes (fragmentos de um discurso amoroso) e uma moça da Espanha, Victória... esqueci o sobrenome, que faz uma analogia com um método muito interessante chamado por Barthes como método dramático. E no texto dela, há um subtema construído pela mesma, para a pesquisa em artes: o momento da catástrofe na investigação. A catástrofe é quando tudo volta ao zero. Quando o pesquisador/sujeito amante e o objeto de estudo/ser amado encontram-se em um momento trágico, que requer uma reviravolta, um novo ponto de partida, ou até um novo projeto.
Felizmente estou no início, já com receio dessa catástrofe. Achei interessante postar isso no blog porque são as pedras de tropeço transmudadas em pedras de toque que podem aparecer em qualquer investigação, em processo cartográfico, como o meu, por exemplo.
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